Como Montar um Home Studio para Gravar sua Música em Casa [2025]

Thiago Vizzi
Nesse post você vai aprender quais são os 7 itens que você precisa para montar o seu home studio, além de várias recomendações e dicas que vão te ajudar a fazer as suas escolhas de maneira mais bem informada, e te ajudar a montar um home studio de qualidade e investir o seu dinheiro de forma muito mais certeira e segura.
Os 7 itens que você precisa são:


1. COMPUTADOR
Esse é o cérebro de todo Home Studio, ele precisa estar em dia e rodando tudo bem redondinho pra não te trazer problemas ou prejudicar o seu trabalho.
Quanto ao desempenho. Você não precisa de um computador acima da média e com configuração turbinada. Um computador atual comum com configuração padrão já é o bastante para você começar, desde que você tome alguns cuidados.
- Deixe seu computador livre de poeira e refrigerado. Ventiladores caseiros e bases de notebook com “mini ventiladores” ajudam muito!
- Mantenha o computador o mais leve e limpo possível, não acumule arquivos e programas desnecessários que atrapalhem o seu desempenho.
- Faça limpezas periódicas: Com o tempo e com o acúmulo de lixo, mesmo um bom computador começa a se comportar como uma carroça. O ideal, principalmente para o Windows, é que ele seja formatado de tempos em tempos.
- Desabilite tudo o que não for útil e que roube poder de processamento, o foco deve ser o áudio.
Existem tutoriais na internet sobre “Como otimizar o Windows/Mac para áudio”. Caso necessário, busque a ajuda de um técnico de confiança. Nada é mais desanimador que um computador travando no meio de uma gravação.
- Evite usar softwares piratas. Eles instalam programas extras que rodam de fundo e consomem mais recursos que o normal (além de te expor a vírus, trojans etc). Aproveite as promoções e datas comemorativas para comprar os programas que você precisa e fique de olho nos plugins gratuitos ou que são literalmente dados de presente vez ou outra por algumas empresas (Native Instruments, Arturia, Ozone, Soundtoys, IK Multimedia, Spitfire etc ).
- Quando possível, opte por alternativas de softwares mais leves e trabalhe dentro das capacidades do computador que você tem. Se mesmo com todos os cuidados listados acima, determinado programa faz seu computador ferver, dar tela azul e fazer barulho igual uma turbina de avião, talvez seja melhor deixar esse programa pra lá ou para ser usado no futuro em um computador melhor.
Ainda assim, quem não gostaria de ter um computador com configurações absurdas e que te permite rodar tudo sem preocupação, certo?
Mas volto a repetir que na maior parte dos casos, com os devidos cuidados, é possível começar a fazer gravações musicais com um computador comum, muito provavelmente com o computador que você já possui.
Por outro lado, é importante também ficar ligado nos sinais de que o computador não está dando conta.
Alguns sinais são mais óbvios, outros nem tanto e podem estar prejudicando o seu trabalho de uma forma sutil ou que você só perceberá mais tarde, correndo o risco de ter o seu trabalho perdido ou comprometido.
Sinais de que você precisa dar uma atenção ao seu computador:
- Travamentos muito frequentes que interrompem seu trabalho a todo momento, e te fazem perder gravações de boas performances antes de você ter tempo de salvar (perdidas para sempre
- A gravação ocorre aparentemente normal, mas depois quando você escuta com calma, ela está cheia de artefatos, clicks estalos causados por falhas de processamento no momento da gravação
- Existe um atraso considerável entre o áudio que sai nas suas caixas ou fones e as notas que você está efetivamente tocando (latência elevada)
Esse problema é muito comum e pode te prejudicar muito quando você estiver gravando um instrumento ou voz em cima de outro anteriormente gravado (overdubbing)
Caso esses sinais apareçam, volte para as dicas dadas no início (refrigeração, limpeza física e interna de arquivos, formação etc) e se ainda assim nada disso resolver o problema o jeito será investir em um computador novo.
2. PROGRAMA DE GRAVAÇÃO (DAW)
A sigla DAW vem de Digital Audio Workstation (Estação de Trabalho de Áudio Digital) e é o nome dado aos programas usados para gravar, editar, mixar e masterizar arquivos de áudio, sendo o Pro Tools o mais famoso e o padrão da indústria.
As opções mais conhecidas: Reaper, Ableton, Pro Tools, Cubase, FL Studio, Reason, Nuendo, Sonar, Studio One, Logic, GarageBand …
Cada uma das DAWs citadas acima têm diferentes características, um fluxo de trabalho próprio e são desenvolvidas tendo em mente as necessidades e preferências de diferentes tipos de músicos e produtores.
A escolha será uma questão de preferência pessoal, de quanto você deseja investir e de qual software se adequa ao seu modo de trabalhar e às suas necessidades. Faça testes, aproveite as versões de avaliação, tire suas conclusões e teste outra DAW caso não tenha se adaptado.
Apesar das diferenças, a escolha da DAW não irá alterar a qualidade do som. Independentemente da sua escolha, a qualidade sonora das suas tracks gravadas será exatamente a mesma e a partir daí, a forma como você processar essas tracks, e os plugins que utilizar etc, podem te entregar resultados melhores ou piores, independente da DAW que você estiver trabalhando.
REAPER

Buscando uma recomendação? O Reaper é completo, leve, ágil e confortável de trabalhar, além de ser praticamente gratuito. A utilização é livre e sem nenhuma restrição para que você use e pague quando quiser. (considere fazer isso, os desenvolvedores merecem, é um programa incrível). É só visitar www.reaper.fm, baixar, instalar e sem absolutamente nenhum gasto e nenhuma restrição, começar a trabalhar.
Caso você esteja buscando informações mais detalhadas, tenho essa outra postagem super detalhada sobre DAWs:
Nesse link você vai achar:
- O que é uma DAW e para que ela serve
- A história das DAWs
- As DAWs mais conhecidas
- Como escolher a DAW perfeita para você
3. INTERFACE DE ÁUDIO
É o equipamento que será conectado ao computador (geralmente por USB) e que vai receber o sinal do microfone/instrumento e transformá-lo em sinal digital para que o computador possa gravar com uma qualidade respeitável.
Ela também é responsável pelas saídas de áudio, onde você irá conectar os seus fones de ouvido ou suas caixas de som (monitores de áudio) para escutar o que foi gravado ou te permitir gravar overdubs com qualidade e sem atrasos.
OBS: Overdub é o processo de gravação no qual novas camadas de áudio são adicionadas a uma gravação já existente, uma de cada vez. Essas camadas, ou faixas (tracks), se somam para construir a composição final da música.
Exemplo: Primeiro, você grava o violão, criando a base da música. Depois, sobre essa gravação, você adiciona uma faixa de voz. Em seguida, pode gravar o baixo, o teclado, e assim por diante, até ter todas as partes da música gravadas individualmente e somadas no final.
Uma interface de áudio com uma entrada para microfone ou instrumento (interface de um canal) é suficiente para começar a gravar, pois você conseguirá gravar uma track por vez e, assim, ir gravando overdubs até concluir a música. Mas se você puder adquirir uma interface com mais canais (ou seja, com mais entradas para microfone), isso trará mais flexibilidade. Com duas entradas, por exemplo, você poderá gravar dois microfones simultaneamente, o que é útil, por exemplo, para gravar voz e violão ao mesmo tempo. Mas a escolha do número de canais da interface vai depender das suas necessidades específicas de gravação.
Sugestões: M-Audio (M-Track), Presonus (Studio, AudioBox), Focusrite (Scarlett), SSL (SSL2), Universal Audio (Volt, Apollo). Minha escolha pessoal seria a Focusrite Scarlett dentre as mais baratas e a Universal Audio Apollo dentre as mais caras.
APRENDA OS 7 PASSOS PARA GRAVAR MÚSICAS PROFISSIONAIS EM CASA

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4. MICROFONE
Para começar gravar em home studio, minha sugestão é que você adquira um microfone condensador cardioide, com cápsula média/larga e que suporte um volume (máximo de SPL) razoável sem distorcer, o melhor que você puder, dentro do seu orçamento. Assim você terá um ótimo coringa: poderá capturar detalhes mais sutis (voz, violão, over de bateria etc) e também gravar amplificadores e instrumentos mais barulhentos. Sempre cheque se o som gravado apresenta distorção e em caso positivo, reduza o volume do instrumento, afaste o microfone da fonte, ou em último caso, troque de microfone.
Não se iluda com testes rápidos, só é possível conhecer o som de um equipamento quando você convive um tempo com ele. Então, caso tenha a chance de usar bastante algum emprestado de um amigo ou de um estúdio e comparar diferentes modelos antes de tomar a sua decisão de compra, aproveite.
Algumas sugestões, do mais barato para o mais caro: Samson C01, Behringer B1, AKG P120, Audio Technica AT2020, MXL 990, MXL V67, AKG P220, AKG C214, Rode NT1, Shure KSM32.
As minhas escolhas pessoais dentre os modelos mais baratos: AKG P120, Audio Technica AT2020 e caso você possa investir um pouquinho mais: AKG P220.
Dentre os mais caros eu adoro o Shure KSM32 (tenho um par no meu estúdio e uso sempre)
Mais importante que a qualidade e preço do microfone é o seu posicionamento e a qualidade da performance captada. Praticamente qualquer microfone atual é capaz de entregar resultados honestos, e se o resultado for ruim, lembre-se que a culpa quase nunca é do equipamento.
Deixo aqui também um link para um post mais aprofundado sobre microfones, com explicação sobre padrões polares, os 3 principais tipos (dinâmicos, condesadores e de fita), os modelos mais conhecidos e músicos famosos que os usavam e no final um guia de compra que vai te ajudar muito a tomar a sua decisão na hora da compra: Clique aqui para acessar
5. FONES DE REFERÊNCIA
O fone de de ouvido de referência vai ser necessário para você escutar com clareza e julgar o que já foi gravado (e regravar o que for necessário) e escutar uma pista enquanto você grava a próxima. Ou seja, escutar as camadas anteriores enquanto você grava uma nova (overdub).
Um fone de ouvido comum até pode ser usado, mas não é o ideal, ele não vai conseguir te mostrar com clareza o que está acontecendo na sua música nem te dar um bom retorno no momento da gravação.

Para essa finalidade, o ideal são fones fechados, que reduzem a quantidade de vazamento que poderá ser captada pelos microfones durante a gravação. Alguns modelos: AKG K52, Sony MDR, Audio Technica ATH-M20x etc
Se você pretende trabalhar na pós-produção da sua música — ou seja, nas etapas que acontecem após as gravações, como Edição, Mixagem e Masterização — além do fone do fone de ouviudo, é essencial investir em monitores de áudio. Além de oferecerem uma referência sonora mais precisa, os monitores de áudio são mais confortáveis e saudáveis para os ouvidos. Fones de ouvido podem causar bastante fadiga auditiva, e seu uso frequente para edição, mixagem e masterização não é recomendado. No entanto, caso você não queira ou não possa investir em monitores de áudio, os fones serão suficientes para concluir as suas gravações sem o menor problema.
Alguns modelos de monitores de áudio: Yamaha HS series, KRK Rokit Series, Mackie CR3-X, JBL 305P MkII, Behringer Truth B1030A, Presonus Eris E5, Alesis Elevate 5 MKII, Edifier R1280T.

6. CONTROLADORES MIDI
Os controladores MIDI não têm som próprio, então com eles não conseguimos gravar um sinal de áudio propriamente dito, mas eles são uma ferramenta poderosa: eles transmitem para o computador quais notas estamos tocando, o seu tempo e intensidade (informação MIDI) para que com a adição de um plugin VSTi (Instrumento Virtual) na sua track você consiga atribuir qualquer tipo de som a essas notas.
Plugins e bibliotecas que valem uma olhada: Spitfire BBC Symphony Orchestra*, Spitfire Labs*, Acoustic Samples, UVI, Native Instruments, Roland Synths, Ik multimedia, Addictive Keys, Samples from Mars etc.
Bibliotecas de bateria: Steven Slate SSD*, Spitfire Labs Drums*, IK Multimedia Modo Drum*, Superior Drummer, Addictive Drums, EZDrummer, Abbey Road Collection.
*Grátis ou parcialmente gratuitos
O controlador MIDI pode ser: um teclado que é exclusivamente controlador, um teclado comum que tenha saída MIDI, um controlador de pads ou um módulo de bateria eletrônica que tenha saída MIDI.
Mesmo que você não tenha a pretensão de ser um tecladista ou baterista/finger drummer, recomendo fortemente que você tenha pelo menos um controlador simples, com mini teclas e/ou alguns pads, para que você consiga adicionar camadas simples ao seu trabalho (algumas notas, acordes ou batidas simples) nem que seja para fins de registro de ideias. Isso vai te ajudar a olhar para sua música de outros ângulos e te ajudar a desenvolver a sua musicalidade no geral.
Minha recomendação para quem quer experimentar seria o Akai MPK Mini, com ele já dá pra fazer muita coisa.
Para quem gosta de teclados de tamanho normal e ação de teclas de sintetizador: Roland A49

7. CABOS E CONEXÕES
Como são feitas as conexões?



Conexão entre interface e computador
A grande maioria das interfaces (incluindo todas as que foram recomendadas aqui) são conectadas ao computador usando um simples cabo USB (USB 2.0, USB 3.0 ou USB-C) ou thunderbolt. Interfaces que exigem conexões menos comuns e que já caíram em desuso (como firewire), não valem a pena o investimento.

Conexão entre interface e instrumentos (baixo, guitarra, teclados)
CABO P10 TS 2 vias (cabo comum de guitarra)

Conexão entre interface e microfone
Cabo XLR (cabo balanceado de 3 vias)

Conexão Interface e monitores de áudio
Essa conexão é feita por cabos XLR ou cabos P10 TRS de 3 vias (chamado de "P10 Stereo" de forma equivocada), a depender do modelo da interface e dos monitores. Algumas interfaces mais simples e antigas, usam conectores RCA.

Conexão entre interface e fone de ouvido
Em geral fones de referência possuem um cabo um pouco mais grosso e resistente que o de um fone de ouvido comum e possuem um conector P10 de 3 vias


Conexão entre computador e controlador MIDI
Os controladores MIDI mais recentes usam conexão USB para enviar informação MIDI para computador e na sua maioria precisam de um cabo com conector USB-B em uma ponta (que é ligada no controlador) e USB comum na outra que é ligado no computador. O cabo em geral já vem com o produto de fábrica, mas é um cabo bem comum caso você precise comprar.
Controladores MIDI mais antigos usavam o conector DIN de 5 pinos. Nesse caso você precisará de um cabo com um conector DIN e uma ponta ( saindo do controlador) e USB na outra (a que conecta no computador)
Os cabos e conectores listados acima são apenas para referência de acordo com as conexões mais comuns. Em caso de dúvida, sempre consulte o manual do produto para saber qual o cabo mais adequado a ser usado.
Não compre cabos muito baratos ou genéricos, eles podem prejudicar muito a sua gravação, além de danificar e dar mau contato com facilidade. Cabos muito caros também são desnecessários. Para cabos XLR e P10 TS e TRS, sugiro o meio do caminho: cabos nacionais da Santo Ângelo têm boa qualidade e preço acessível. Um pouquinho mais caros estão a da Tecniforte, esses duram uma vida se você cuidar direitinho.
Outras marcas de cabo: Spark (marca nacional mais em conta), Monster Cable, Mogami (esses 2 últimos mais salgados)
Alguns cuidados básicos mas que todo mundo esquece: Não pise, esprema na porta ou passe em cima dele com a cadeira de rodinha, nem deixe a ponta do cabo bater no chão quando for manusear o cabo. Guarde e enrole o cabo da forma adequada, sem torcê-lo ou espremê-lo demais.
Acabamos!
Agora você tem informação de sobra para montar o seu home studio e começar a gravar.
Não deixe que nenhuma limitação de condição, espaço ou equipamento te impeça de gravar a sua música. Os maiores álbuns da história não tiveram as condições ideais e perfeitas para serem criados, essas condições raramente existem.
Faça o melhor que você puder com os recursos que você possui hoje, faça upgrades e invista seu dinheiro de forma consciente, na medida das suas possibilidades e de acordo com prioridades bem definidas.

OBS: Fique de olho nas plataformas de vendas online de itens usados. Com um pouquinho de paciência e sorte você consegue economizar bastante e achar itens em ótimo estado ou que mal foram usados.
E se você quiser mais dicas valiosas de como gravar a sua música:
Ele foi escrito com muito carinho e tem dicas valiosas para te ajudar a gravar o seu trabalho e checar em um bom resultado que você grave o seu trabalho
Um abraço e boas gravações!